domingo, 17 de agosto de 2014

Tetê Espíndola, a Dama do Pantanal

Provavelmente você já ouviu falar da Tetê Espíndola, aquela cantora com uma voz singularmente aguda que fez o maior sucesso nos anos 80 com o hit "Escrito nas Estrelas".
Hoje o post é em homenagem à ela, que para mim é uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos.
Tetê, além de uma cantora excepcional, também é compositora, instrumentista e cientista. Eu digo cientista pelas aventuras experimentais que ela teve (e tem) com a música. Seu vanguardismo a possibilitou fazer misturas entre o acústico e o eletrônico e utilizar os sons de pássaros e de natureza em seus discos.

Tetê e o Lírio Selvagem




O seu primeiro disco foi lançado em 1978, em parceria com os irmãos (Celito, Alzira e Geraldo) em uma banda chamada Tetê e o Lírio Selvagem (antes LuzAzul). O disco, que também se chama Tetê e o Lírio Selvagem, colocou o rock regionalista do Mato Grosso do Sul no cenário nacional, e tornou os rostos dos irmãos Espíndola famosos em todo o Brasil, com direito a videoclipe no Fantástico no mesmo ano.



O sucesso da sul-matogrossense foi tão grande que logo ela se lançaria em carreira solo. Seu primeiro disco é o "Piraretã" de 1980. Não demorou para a Tetê ser convidada por grandes artistas para fazer parcerias. Entre eles estão Arribo Barnabé, Almir Sater, Ney Matogrosso, Clementina de Jesus e sua irmã, Alzira, com quem viria a gravar um disco em 1998.

Pássaros na Garganta 1982
Um dos seus discos mais marcantes e experimentais é o "Pássaros na Garganta" de 1982. Além da maior parte das composições serem da Tetê, ela utilizou muitos sons de natureza que representassem o seu lado de garota do interior, além de dar um toque particular ao disco. Há inclusive canções que foram gravadas dentro de uma gruta, a Gruta do Lago Azul, em Bonito no Mato Grosso do Sul, o que fez com que os sons captados na gravação ficassem com efeitos de eco.

Além de cantora, Tetê também mostrou sua versatilidade de artista estrelando o filme "Mônica e a Sereia do Rio", de 1986. No filme ela fez o papel de uma sereia mágica e misteriosa que encanta a Mônica com a sua voz. O filme, assim como o disco Pássaros na Garganta, foi gravado em um lugar exuberante com a cara da artista. O lugar das filmagens foi a Pousada do Rio Quente em Goiás.

Outro disco experimental (e difícil de ser encontrado) que desperta o interesse dos seus fãs é o Babeleyes, de 2009, em parceria com o músico francês Philippe Kadosch. A Tetê já tinha mostrado o êxito dessa parceria quando lançou o VozVoixVoice em 2001, em que ela brinca com os sons que a sua voz única consegue alcançar. No Babeleyes, além de ser apaixonante a maneira como a Tetê utiliza a sua voz, nós podemos viajar em uma excursão antropológica uma vez que o disco foi gravado com línguas mortas e em perigo de extinção.

Em 2014 Tetê lança um disco duplo com a regravação de Pássaros na Garganta e Asas do Etério, disco de inéditas. Ela mora atualmente em São Paulo e com certa frequência é vista em eventos culturais da capital paulista, seja com seus irmãos ou divulgando seu novo trabalho cheio de novidades. Ver um show da sul-matogrossense é um prato cheio pra quem quer fugir do caos paulistano e se teletransportar para o Pantanal.

Um comentário:

  1. O público perde muito em não conhecer o trabalho da Tetê, sou muito fã, tenho todos os discos, inclusive autografados por ela, cada disco é uma viagem, meu preferido é Pássaros na garganta, cuja viagem é fascinante. Adorei a reportagem! PS. Gosto muito de Alzira, tenho também todos os discos e Dani Black que se revelou nessa pérola de compositor. Grande abraço!!!

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