sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Gracinha, a Maior Cantora do Brasil – A história de Gal Costa


Gal no final dos anos 60
Lá em Salvador, capital da Bahia e antiga capital do Brasil, nascia em 26 de setembro de 1945 Maria da Graça Costa Penna Burgos, mundialmente conhecida como Gal Costa.

A garota tímida, de olhos brilhantes e boca divinamente desenhada aprendeu a cantar sozinha, se dedicando a ouvir intensamente às grandes vozes femininas dos anos 50. Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Elizeth Cardoso estavam entre as suas favoritas. Além disso dizem que a mãe de Gal, Maria Costa Penna, enquanto grávida, ouvia incessantemente à música clássica encostando a sua barriga na vitrola para que a sua filha nascesse com dons musicais. Se isso é verdade não podemos
Gal e Caetano em Recanto
dizer ao certo, muito menos se essa é uma prática que funciona, mas duas coisas são certas, Gracinha cresceu e se transformou em uma das maiores artistas que o mundo já conheceu e o incentivo incansável de sua mãe a ajudou a conquistar este título.

Caetano quando conheceu Gal em meados dos anos 60, como já se podia esperar, caiu de amores por aquela que seria sua companheira de estrada para toda a vida, como exemplos dessa parceria duradoura o último disco da cantora foi produzido e dirigido pelo Caê. Antes de conhecer Caetano, Gal já era amiga de Dedé Gadelha, a primeira esposa de Caetano.

A parceria entre Gal e Caetano foi e é tão intensa que a mídia (e às vezes os próprios fãs) tentavam a
Maria Bethânia e Gal Costa
todo custo coloca-la contra a irmã de Caetano, Maria Bethânia, inventando histórias de inveja, disputa e desamor. Tal rivalidade nunca existiu e as duas participaram de duetos em gravações de seus discos, além do projeto Doces Bárbaros, que foi uma explosão meteórica dos quatro baianos, Gal, Caetano, Bethânia e Gil, que durou pouco tempo e ainda assim causou furor entre a sociedade brasileira dos anos 70. Bethânia ainda foi convidada a fazer parte do Movimento-Manifesto Tropicália, mas recusou o pedido por estar cansada de ser cantora de protesto após ter participado do musical Roda Viva substituindo a musa da bossa nova Nara Leão.

Gal Costa e Roberto Carlos
A Tropicália que foi um movimento de contestação da arte vigente na sociedade brasileira dos anos 60, juntou artistas e intelectuais das mais diversas áreas para renovar e atualizar as manifestações artísticas brasileiras sem deixar de lado suas raízes. Uma resposta à Jovem Guarda de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia, que estudiosos e apreciadores da música brasileira consideram um movimento entreguista à moda do iê-iê-iê norte-americano e inglês. Apesar das diferenças Gal trabalhou diversas vezes com Roberto e Erasmo e dois dos registros que exaltam a artista foram escritos pelos roqueiros, "Meu Nome é Gal" e "Musa de Qualquer Estação".


Embora Gal já tivesse participado do espetáculo Nós Por Exemplo em 64 ao lado de Caetano, Bethânia, Gil e Tom Zé, gravado seu primeiro compacto em 65 intitulado Maria da Graça, quando ela ainda adotava seu nome de batismo, e Domingo em 67 ao lado de Caetano, Gal só entrou para o cenário nacional como uma grande cantora no ano de 68 interpretando Baby no álbum-manifesto “Tropicália ou Panis et Circenses” que nasceu da parceria dos cantores e compositores Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Torquato Neto, Tom Zé, Os Mutantes, Capinam e Rogério Duprat.
O álbum foi uma ruptura das expressões musicais brasileiras da época, que tinha sido abrilhantada por João Gilberto e Tom Jobim – outras duas parcerias que trabalhariam com Gal – com a Bossa Nova e teve seu declínio com o movimento pré-fabricado importado pela trupe da Jovem Guarda.
Tropicália ou Panis et Circensis (1968)
Tropicália ou Panis e Circenses mesclou a música contemporânea mundial do grupo Os Mutantes de São Paulo ao lado das expressões folclóricas e regionais nordestinas. O movimento foi o encontro do atual e do antigo, um nunca desmerecendo ou se sobressaltando ao outro.

Após essa aventura, que ainda durou mais um tempo com turnês e programas de televisão e de rádio, Gal lançou seu primeiro LP solo, com o nome de Gal Costa. Logo em seguida ela lançou o disco que é até hoje o mais psicodélico de sua carreira, o Gal, com vocais eufóricos inspirados na grande artista estadunidense Janis Joplin e a guitarra frenética de Lanny Gordin ala Jimmy Hendrix. Os dois álbuns foram lançados em 1969 e colocaram a baiana no centro das atenções.
Desde então Gal foi durante a sua trajetória de inventando e reinventando através dos anos. Sempre muito ousada passou de musa tropicalista para símbolo sexual nos discos Fa-Tal – Gal a Todo Vapor (1971) e Índia (1973). Muito desejada por homens e mulheres da época Gal continuava de reconstruindo e procurando as mais diversas parcerias.

Gal segue seus 50 anos de carreira trabalhando ao lado de Caetano Veloso, e além dele trabalhou com Tom Jobim, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Dorival Caymmi, Djavan, Chico Buarque de Holanda, Tim Maia, Cazuza, Rita Lee, Luiz Gonzaga, Joyce, Mercedes Sosa, Milton Nascimento, Ney Matogrosso e tantos outros.


Gal e o filho Gabriel
Apesar de sempre querer ser mãe Gal não podia engravidar. Em 1993, após a morte da mãe, sua grande companheira, seguiu o conselho de dona Maria Costa Penna, Gal adotou Gabriel em 2007 que veio a se tornar seu grande confidente e amigo. Em entrevista à Marília Gabriela, Gal mostra um pouco do seu amor pelo filho. "Gabriel é um menino inteligente, totalmente do bem. Gostaria que ele fosse músico, um grande compositor. Ele é o filho que eu sempre sonhei”.

Ela deixou registrado na história da música brasileira a melhor interpretação de "Aquarela do Brasil" de Ary Barroso, que é como um hino nacional exaltando as belezas do país, ademais, as mais diversas parcerias com artistas de diferentes estilos musicais e épocas mostram que Gracinha é uma intérprete completa que está sempre pronta para se renovar e buscar novas ondas nesse mar inesgotável que é a música brasileira.

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