"Cada táubua que caía doía no coração", compôs Adoniran em 1951, e ainda hoje, mais de 60 anos depois, as "táubuas" das humildes casas de São Paulo continuam caindo e fazendo chorar milhares de famílias trabalhadoras do mais populoso estado do Brasil.
Filho dos imigrantes italianos de Veneza Emma e Fernando Rubinato, João Rubinato, mais conhecido como Adoniran Barbosa, nasceu em Valinhos, São Paulo e desde a infância teve que trabalhar para se sustentar e ajudar a família com as despesas de casa. Teve a sua data de nascimento alterada para que pudesse começar a trabalhar mais cedo. Por problemas financeiros a família de Adoniran teve que se mudar diversas vezes. Depois de deixar Valinhos, a família Rubinato viveu em Jundiaí, Santo André e por fim se instalou na capital paulista em 1933, onde o jovem Adoniran começou a compor os seus primeiros sambas.
Antes de se consagrar como o maior sambista de São Paulo, Adoniran fez sucesso no cinema em filmes como "O Cangaceiro", na tevê com as primeiras telenovelas da TV Tupi e no rádio, onde representava o personagem Charutinho no programa Histórias das Malocas de Oswaldo Molles. Foi no cenário caótico do crescimento desenfreado e desordenado da Terra da Garoa que Adoniran se tornou o cantor dos sem voz, e pouco a pouco foi sendo amado e respeitado pelo povo paulista e brasileiro que se identificava com o seu samba cheio de sentimento e humanidade. Em 1951 lançou o seu primeiro sucesso, Trem das Onze. Ainda que tenha sido um sucesso instantâneo no Rio de Janeiro e em São Paulo, a composição apenas rendeu a Adoniran uns trocados pelos direitos autorais.
Elis Regina e Adoniran em 1978 |