terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Arco-Íris Musical: Os cantores que se declararam homossexuais na América Latina

Daniela Mercury e a
esposa Malu Verçosa
A homossexualidade na América Latina ainda é um tema que desperta muito preconceito, principalmente entre os mais velhos e entre os religiosos. Isso é facilmente explicado, levando em consideração que a maioria dos países latinoamericanos tem a maior parte das suas populações de católicos.
Contudo é muito comum encontrar artistas homossexuais que fazem sucesso nesses países, e não somente entre os gays. No Brasil podemos citar como exemplo Leci Brandão, Ney Matogrosso, Cazuza, Adriana Calcanhoto, Daniela Mercury, Maria Gadú, Ellen Oléria, Emílio Santiago, Zélia Duncan, Ângela Rô Rô e Mart'Nalia. E ainda temos os artistas que se declaram bissexuais, como Renato Russo, Ana Carolina e Marina Lima.

Ainda no Brasil temos os artistas que apoiam a causa LGBT e gravaram composições que abordam o tema. A baiana Maria Bethânia gravou em 1969 a canção "Preconceito" de Antonio Maria e Fernando Lobo. Seu irmão Caetano Veloso gravou em 1977 a canção "Leãozinho" que teria sido escrita para outro homem. Gal Costa, ainda no grupo dos baianos, gravou "Paula e Bebeto" em 1978 de Caetano Veloso e Milton Nascimento. A música diz que "qualquer maneira de amor vale a pena". E em 1997 a paulista Rita Lee gravou a música "Obrigado Não" em que ela apoia abertamente o casamento gay.

Nos países hispano falantes da América, embora com menos frequência, também encontramos cantores e cantoras que se declararam homossexuais.
A grande cantora e compositora mexicana, Chavela Vargas, se declarou lésbica e disse que inclusive teve um caso com a famosa pintora Frida Khalo.
Outro mexicano que assumiu sua homossexualidade foi Christian Chavez, cantor e ator do seriado Rebelde.
Já no Chile podemos citar o cantor de indie-pop Alex Anwandter que, embora não tenha assumido publicamente, é um grande defensor dos direitos gays no país e recentemente em uma entrevista disse: "Então sim, acredito que eu seja um (gay)."
Seguindo uma linha andrógina ainda temos o cantor e dj uruguaio Dani Umpi, que agita as noites GLS de Montevidéu.


Ricky Martin e seus filhos Matteo e Valentino
No entendo nenhum desses artistas teve a repercussão do porto-riquenho Ricky Martin.
Por ter uma carreira de sucesso internacional e ser um sex symbol entre as mulheres desde os anos 80, Martin causou espanto entre as suas fãs quando se declarou homossexual em 2011 em uma entrevista para a apresentadora estadunidense Oprah Winfrey. O cantor também teve dois filhos gêmeos com uma gravidez de substituição.

O primeiro país a permitir o casamento homossexual na América Latina foi a Argentina, em 2010, seguida por México (alguns estados), Brasil (permitido pelo Conselho Nacional de Justiça) e Uruguay em 2013.
Embora tenhamos esses avanços a situação da população LGBT nos países da América Latina ainda é assustadora. O Brasil é o país com mais crimes motivados por ódio à orientação sexual no mundo. Recentemente um documento revelou a existência de clínicas de cura de homossexuais, com relatos de tortura, no Equador.

Cristina Kirchner, Presidenta da Argentina
Mesmo existindo presidentes que apoiam abertamente a causa LGBT no continente, como Cristina Kirchner na Argentina, José Mujica no Uruguai e Michelle Bachelet no Chile, existem presidentes que falham muito na questão de direitos dessa parcela da população, como Dilma Rousseff no Brasil e Rafael Correa no Equador, e ainda temos presidentes que mal se manifestam sobre o assunto, entre eles Evo Morales na Bolívia e Nicolás Maduro na Venezuela.

Enquanto os movimentos sociais de direitos humanos lutam para tornar a discriminação aos homossexuais algo do passado e o casamento gay algo do presente nos países da região, o fundamentalismo religioso cresce assustadoramente, com destaque ao Brasil e a sua bancada evangélica no Congresso Nacional.

Resta-nos esperar o desfecho dessa luta entre aqueles que querem liberdade e aqueles que querem privar outros de seus direitos. Lutas que nos lembram do racismo e misoginia que fizeram parte da história do nosso continente e que inacreditavelmente ainda existem. Será que com um presidente negro nos Estados Unidos e quatro presidentas na América Latina conseguiremos mudar esse jogo?

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