Os caranguejos com cérebro, como eram chamados os precursores do Movimento Manguebeat, chegaram em uma hora onde não havia mais esperança para a população nordestina. Crianças e adolescentes morriam aos montes nas favelas de Pernambuco, a desigualdade social crescia assustadoramente e as autoridades pareciam não se importar. Tudo era muito bem maquilado pelo eixo propagandístico Rio-São Paulo. Rio representava o paraíso, onde o Brasil abria suas portas para o mundo, e São Paulo, como a grande metrópole, apresentava o crescimento econômico do país. O nordeste e as outras regiões do Brasil, por sua vez, eram esquecidas e jogadas para escanteio. Alguém precisava falar. Alguém precisava contestar. E foram os caranguejos, saindo da lama, que se jogaram no mundo para enfrentar os urubus.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Tropicália e o País Utopical
O Tropicalismo foi mais do que um movimento artístico, ele transpôs as barreiras existentes entre arte, política e sociedade e tentou implantar um sentimento pluricultural na construção de uma nova identidade nacional, que transformaria os cidadãos brasileiros pessoas donas de si, e prontas para se infiltrarem no mundo.
Em uma época em que a ditadura militar calava qualquer discurso que fosse contra os ideais da ordem vigente, foi preciso muita criatividade e jogo de cintura para tirar o Brasil e os brasileiros do blue constante.
Com o chamado Golpe Militar o povo foi vestido de blue e seguia alienado pela doce ilusão de um nacionalismo exacerbado e de um progresso maquilado pelos grandes meios de massa – surgia, então, a TV como ferramente de controle da população. É nesse ambiente de repressão e conformismo que aparece a trupe tropicalista, vestida multicolorida e armada de inesgotáveis experimentações musicais e visuais e de letras genialmente elaboradas para burlar a censura.
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